segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

CONTO CHINÊS.

"Querido Roberto,

Durante as 3 horas no ônibus até o povoado, não houve um só instante em que não pensasse em você.
É certo que mal te conheço, mas assim que te vi entrar na casa da minha irmã, senti que te conhecia da vida inteira...Talvez por que há duas coisas que logo percebo nas pessoas: a Nobreza e o Sofrimento, e você tem ambas."

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

(Projeto Sunlight, página 66)

Sybil: Bill estará em casa nesse dia e acho que ele vai consentir com meus desejos porque tem estado tantas vezes fora ultimamente. Quero que você o conheça. Fiz com que ele parecesse pavoroso, mas ele é um homem excepcional quando deseja.
Sunlight: Você o ama?
Sybil: Infelizmente, sim.
Sunlight: Por que infelizmente?
Sybil: Porque eu já teria construído uma vida mais gratificante há muito tempo se meu coração não começasse a pular dentro do peito nessas raras ocasiões em que ele entra pela porta.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Desejo - Victor Hugo

"Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar ".

domingo, 30 de outubro de 2011

“Morre e transforma-te!”

"Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.

Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

Mas, de repente, vem o fogo. Pode ser fogo de dentro. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.

'Morre e transforma-te!' — dizia Goethe.

Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. (…) Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.

Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem.
Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.

'Quem preservar a sua vida perdê-la-á'. A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo."

A Pipoca, Rubem Alves.

Não quero ser piruá!


terça-feira, 18 de outubro de 2011

in memoriam.

Não guardo lembranças do que senti na semana que antecedeu o meu último vestibular. No entanto, lembro da semana do meu último aniversário. Essas datas, antes suficientemente espaçadas, resolveram encontrar-se, em memória dos anos de colégio. E aqui estou: 18 de Outubro, véspera do meu aniversário; antevéspera do ENEM. O convívio com a UFAL não me preparou bem para esse momento, me acostumei a ter festa, nada pra fazer ou algo adiável... Foi lá também que conheci o imperador jeitinho, procrastinador sem culpa,  a quem agora saúdo.

Este ano não haverá festa. Há muito o que se fazer nestes últimos dias.
E preciso lembra-lo, seja você quem for, de que se corro agora, é por meu direito.

Em memória do meus 19 anos, assino:

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Sobre o vestibular.

Hoje um grande amigo pediu o meu modem de presente pelos próximos 2 meses.
Ele argumentou tão bem que não pude negar.

Mandem-me emails e não me esqueçam.
Certamente, sentirei saudades.


sábado, 27 de agosto de 2011

Quebrando o Silêncio.

Hoje, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, utilizou o constituinte de seu nome para realizar uma grande campanha pela orla de maceió. Tendo como tema central o Bullying, um tipo especifico de violência, mas tomando um panorama muito maior por plano de fundo, inspirado em Romanos 12:2 :



"E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus."


A passeata também aproveitou a oportunidade para pregar o evangelho, a partir da distribuição de livros e panfletos. Houve apoio popular e para mim foi muito bacana, a maior parte das pessoas largavam sorrisos em meio aos seus exercícios, mas me chamou bastante atenção uma pessoa  agitando uma toalha branca de sua janela.

No fim, já longe da praia, mais uma pessoa recebeu o livro "A Grande Esperança", dizendo que já tinha ouvido falar sobre o livro e havia ficado curioso. Bom, que Deus possa abençoar a todos que receberam esse material .


"Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia  perdido." (Lucas 19:10)

O Senhor logo vem!


Uma Feliz Semana a você que por ventura passou por aqui!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sobre o tempo.

O tempo está próximo, frio, aguado. 
Grande demais para deixar-me em paz, pequeno demais para ser proclamado por ai.
Imagina?! Esse tempo bobo não pode passar-se por problema em um mundo assim, caído.
Quem ouviria minhas dúvidas, e como eu mesmo poderia professá-las? 
Logo ali, Seu José, Seu Cícero, Menino William, tirando a dúvida por vida a cada dia e ainda assim com  muita história. 
Tem gente com fome, e a conjuntura de Solano Trindade é morta.
Tem gente percebendo o tempo de modo tão concreto,
que a minha vã melancolia jamais poderia contempla-los.

Quem falaria sobre falta de disciplina,
em um tempo de cabeça latejante com ganho de causa?

Quem falaria sobre a segurança das companhias,
em um tempo em que respirar não é seguro?

Quem falaria sobre bem-estar? Sobre reformar, reavivar?

Todos calados, eu preciso ouvir o meu próprio silêncio. 
Ele é o oposto de mim.
Sempre tão corajoso; 
sempre tão certo e disposto a esconder-me.


  

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Cartas à Lili

Cara Lili,

Vou voando, loucamente, desde o dia que deixei você, não há relato, nem sombra de sobreviventes.Também não há caminho de volta. Nem corpos. Sou peregrina de terras estranhas, lili , e por muitas vezes achei que pereceria...
Como você sabe, fomos muitos a deixar nossos lugares de origem. Outros brasileiros, dotados de jeitinho, ficaram por aí. Difícil de acreditar que eu esteja aqui.

Hoje foi um dia ruim, lili. Embora passado todo esse tempo,ouviria, descontraída, o soar do apito de largada novamente, para não ter que vive-lo. Hoje perdeu-se algo de intenso valor legal, lili. 

Minha sincera consideração,
Servias

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sobre o que está acima de nós.

Eu sempre achei -e ainda acho- que dar certo é uma questão de fé, de boa vontade, de firmeza e de levar as coisas a sério. Porque ‘sério’ e ‘a sério’ são coisas muito diferentes.  A sério eu me encho de possibilidades, de significações; Sério sou casca, não me permito e vivo disso. Durante muito tempo, o ‘sério’ me bastou.

É bem simples.
Posicione-se  favoravelmente em modos, roupas e costumes; Fale de pessoas,assista o Big Brother; Leia a Veja; Tome cerveja – mas nunca volte bêbado; Fume um cigarro no bar – mas nunca no trabalho.
Isso fará de você padrão e com um mínimo esforço da sua parte, também lhe fará sério.
Eu nunca gostei de falar de pessoas, de recursos, de beleza, sempre odiei a Veja (às vezes por modismo pseudo-cult, as vezes pelo bom e velho sensacionalismo), mas já dei lucro a empresas especializadas em mentir e matar, aliás, quem não deu?
Vivemos sem questionar; pagamos sem contar; Consumimos. Cônsul. Mimos.
Prefiro falar de problemas, de educação e de tudo aquilo que não se vê.
E quanto às muitas informações dadas sobre isto, serei bem categórica, mantenho minha fé, e levo a sério.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Sobre o Velho e o Novo

Entre o velho e o novo existe a diferença da empolgação.  O novo é beleza pura, sem sombras. O velho é qualquer coisa que há muito já se perdeu na continuidade da rotina. A artimanha do novo nos envolve, nos delicia;  enquanto o velho vai, comodamente, pondo-se ao lado.

Sei bem como é estar no novo, e perder-se em informações que o velho não possui.
Sei que não se volta do novo, não até que não mais o seja.
E mesmo quando o novo se cansa não se compara ao mais velho, pois vivendo de fortes impressões o novo-velho debate-se tentando sobreviver.

Não culpo os adeptos do novo, eu mesma sou do novo, conheço o novo, saio, converso e me apaixono por ele, o tolero, o mascaro e vivo nele tanto quanto possível. E depois de tanto novo, ficar no velho tornou-se desesperador.

Quase Morte, Boa Sorte.

Viver é fácil, é raro, é breve... É como se perder.
Não se sabe muito bem o que é estar vivo até que se esteja morto ou perto de um morto... Nessa hora o  morto torna-se a sua possibilidade de morrer. Ele é maior que o mundo todo. É maior que todo o resto.

Um morto, sem nome, estirado na frente da caixa econômica, durante mais de 1h, sem isolamento. Tinha nome, tinha família, tinha amigos, talvez filhos... Talvez nada disso. Trabalhador ou criminoso,  ele me importa, passou a me importar...
Vale o meu estado de choque, o meu estado de sitio e o meu estado de lagrimas; vale quase tudo... 
De fato a vida não se parece com o CSI...

E o que se deve considerar? 
É o que se vive? O que se tem? A sua fome? A sua sede? 
Suas palavras não ditas? Seus convites recusados?

Morreu-se...

E todos prometeram a partir dai viver de outro modo, pensar diferente e ir além? 

Nós que temos famílias e planos, não usamos drogas, e que nos consideramos tão distantes de crimes passionais marcamos essa data, em memória de todos os sem- nome, hora vivos, hora mortos do mundo todo.

Diretamente do passado.

Ainda que muitos mencionem a luta contra o neoneoliberalismo, 
ao mundo pouco importa o seu cansaço, se você comeu ou não, suas dores, seus anseios...
A você, restará apenas a duvida entre o amor e o individualismo, e, acredite, vale individualizar,
pois sobre o amor, meu amor, o seu amor ao mundo pouco importa.