domingo, 30 de janeiro de 2011

Sobre o Velho e o Novo

Entre o velho e o novo existe a diferença da empolgação.  O novo é beleza pura, sem sombras. O velho é qualquer coisa que há muito já se perdeu na continuidade da rotina. A artimanha do novo nos envolve, nos delicia;  enquanto o velho vai, comodamente, pondo-se ao lado.

Sei bem como é estar no novo, e perder-se em informações que o velho não possui.
Sei que não se volta do novo, não até que não mais o seja.
E mesmo quando o novo se cansa não se compara ao mais velho, pois vivendo de fortes impressões o novo-velho debate-se tentando sobreviver.

Não culpo os adeptos do novo, eu mesma sou do novo, conheço o novo, saio, converso e me apaixono por ele, o tolero, o mascaro e vivo nele tanto quanto possível. E depois de tanto novo, ficar no velho tornou-se desesperador.

Quase Morte, Boa Sorte.

Viver é fácil, é raro, é breve... É como se perder.
Não se sabe muito bem o que é estar vivo até que se esteja morto ou perto de um morto... Nessa hora o  morto torna-se a sua possibilidade de morrer. Ele é maior que o mundo todo. É maior que todo o resto.

Um morto, sem nome, estirado na frente da caixa econômica, durante mais de 1h, sem isolamento. Tinha nome, tinha família, tinha amigos, talvez filhos... Talvez nada disso. Trabalhador ou criminoso,  ele me importa, passou a me importar...
Vale o meu estado de choque, o meu estado de sitio e o meu estado de lagrimas; vale quase tudo... 
De fato a vida não se parece com o CSI...

E o que se deve considerar? 
É o que se vive? O que se tem? A sua fome? A sua sede? 
Suas palavras não ditas? Seus convites recusados?

Morreu-se...

E todos prometeram a partir dai viver de outro modo, pensar diferente e ir além? 

Nós que temos famílias e planos, não usamos drogas, e que nos consideramos tão distantes de crimes passionais marcamos essa data, em memória de todos os sem- nome, hora vivos, hora mortos do mundo todo.

Diretamente do passado.

Ainda que muitos mencionem a luta contra o neoneoliberalismo, 
ao mundo pouco importa o seu cansaço, se você comeu ou não, suas dores, seus anseios...
A você, restará apenas a duvida entre o amor e o individualismo, e, acredite, vale individualizar,
pois sobre o amor, meu amor, o seu amor ao mundo pouco importa.